sábado, 8 de maio de 2010

Bem Vindos a Holanda

Uma tentativa de ajudar pessoas que não têm com quem compartilhar essa experiência única. Entender e imaginar é como vivenciar.
Frequentemente sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz a uma criança com deficiência. Seria como....
Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de férias para a ITÁLIA.
Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu, o Davi de Miguelangelo, as gôndolas de Veneza. Você pode até aprender algumas frases em italiano, é muito excitante.
Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia! Você arruma as malas e embarca. Algumas horas depois você aterrissa. O comissário de bordo chega e diz:
- Bem-vindo à Holanda.
Holanda??!! Diz você. O que quer dizer com Holanda? Eu escolhi a Itália! Eu devia ter chegado à Itália! Eu devia ter chegado à Itália. Toda minha vida eu quis conhecer a Itália!
Mas houve uma mudança de plano de vôo. Eles aterrissaram na Holanda, e é lá que você deve ficar.
O mais importante é que eles não levaram você para um lugar horrível e desagradável, com sujeira, fome e doença.
É apenas um lugar diferente.
Você precisa sair e comprar outros guias. Deve aprender uma nova língua e irá encontrar pessoas que jamais imaginara.
É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália. Mas, após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor. Começa a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrandt e Van Gog.
Mas todos os que você conhece estão ocupados indo e vindo da Itália, comentando a temporada maravilhosa que passaram por lá. E por toda a sua vida você dirá:
- Sim era onde eu deveria estar. Era tudo que eu havia planejado.
A dor que isso causa nunca, nunca irá embora. Porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa.
Porém, se você passar a vida toda remoendo o fato de não ter chegado á Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais existentes na Holanda.



( Emily Perl Knisley,1987)
Obs: Este texto eu ganhei de uma pedagoga formada em Pedagogia Especial, que conheci em uma das observações em escola.
Acredito que e o texto serve de reflexão para todos, pois ele descreve de uma forma diferenciada, o que uma mãe conta como se sente, ou deveria se sentir, depois de ter um filho com necessidades educativas especiais, onde não é uma maldição e sim uma oportunidade de aprender com ele, de conhece-lo, de buscar compreender todas as suas necessidades e fazer com que este filho não seja julgado, nem desrespeitado mas sim seja um cidadão autônomo e que saiba de seus direitos.

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